Renegociar dívidas de crédito pessoal e cartões

Cartões de crédito

Os impactos económicos da pandemia continuam a sentir-se em muitas famílias portuguesas.

O desemprego ou a redução dos rendimentos contribuíram diretamente para o aumento do endividamento.

Mesmo com a solução das moratórias, muitos ainda não conseguiram reerguer-se e retomar o controlo das finanças.

Os bancos e as entidades financeiras devem disponibilizar aos consumidores soluções de renegociação das dívidas, como por exemplo a conversão de diversos produtos financeiros em crédito pessoal.

Transformação de dívidas de cartões de crédito em crédito pessoal

Uma das formas de suavizar o peso de diversos créditos ao consumo consiste na transformação das dívidas associadas aos cartões de crédito em dívidas de crédito pessoal.

A proposta de um plano de pagamentos mais suave é frequentemente acompanhada por um novo crédito pessoal que substituiu as diversas dívidas derivadas da utilização de cartões de crédito.

Simplificando, através desta nova abordagem de negociação de dívidas, o saldo associado ao cartão de crédito é convertido em crédito pessoal, o que concede às famílias um maior desafogo para enfrentar os seus problemas financeiros.

Porque é que este sistema é vantajoso?

Para os devedores, a grande vantagem desta forma de renegociação das dívidas dos cartões de crédito é a TAEG.

Enquanto as taxas do crédito pessoal geralmente não ultrapassam os 15%, as taxas associadas a cartões de crédito podem facilmente chegar até 26%.

Em termos práticos, significa que ocorre uma redução apreciável da dívida, através da redução das taxas de juros.

Aspetos negativos

A principal contrariedade deste sistema é a dificuldade que algumas pessoas podem sentir para controlar a utilização do cartão de crédito.

É essencial que os cartões passem a ser utilizados de forma moderada e consciente, pois a sua utilização não irá permitir a amortização futura da dívida.

Apesar desta questão, a maioria dos especialistas considera que transformar as dívidas do cartão de crédito em crédito pessoal é uma ótima medida, pois permite que os devedores consigam cumprir com os seus compromissos.

Como avançar com esta solução

A primeira coisa que deve fazer é entrar em contacto com o seu banco, por forma a transmitir a sua situação.

Atualmente, os bancos estão mais preparados para lidar com situações de endividamento e a própria legislação prevê mecanismos de assistência e proteção para as famílias endividadas.

Depois de ter informado a sua instituição bancária relativamente à ideia de transmitir a sua dívida de cartão de crédito em crédito pessoal, deve preparar-se para avançar com um pedido de crédito pessoal (um passo fundamental neste processo).

Na posse de toda a documentação necessária, deve entrar em contacto com o banco e avançar com o pedido de crédito pessoal. Logo que o pedido for aceite, o dinheiro será utilizado para pagar a dívida associada ao cartão do crédito.

Fatores que podem impedir a aceitação desta proposta

Ainda que os bancos estejam hoje mais conscientes e sensíveis às dificuldades que as famílias sentem em pagar as suas dívidas, existem diversas situações que podem impedir a aprovação do crédito pessoal, tais como:

Planos de renegociação de dívidas de crédito pessoal

Se o seu problema é o pagamento das prestações de crédito pessoal, saiba que os bancos apresentam soluções para evitar o endividamento.

Uma das alternativas é recorrer ao PERSI – Procedimento Extrajudicial de Regularização de Situações de Incumprimento.

Este procedimento visa ajudar a entidade credora e o titular do crédito a chegarem a um acordo quanto à situação de incumprimento de crédito.

A solução é vantajosa, já que evita o transtorno de ter que lidar com ações judiciais, garantindo um processo mais ágil na renegociação do crédito.

A entidade credora é quem detém a competência para iniciar o PERSI, devendo informar ao devedor sobre o processo até 5 dias após o seu início. Contudo, o próprio cliente bancário pode solicitar a abertura do procedimento.

Para que o processo tenha resultados positivos, o banco deve conhecer a real situação financeira do cliente e, com base nisto, preparar uma ou mais propostas de regularização do crédito.

A renegociação pode envolver, por exemplo, a consolidação do crédito ou a redução das prestações e o aumento dos respetivos prazos.

Outro recurso disponível para a negociação de crédito pessoal é o PARI – Plano de Ação para o Risco de Incumprimento.

A sua diferença está no facto de que quem inicia o procedimento ainda não entrou em incumprimento, como na alternativa anteriormente referida.

Agora que está ciente das vantagens e desvantagens de transformar a sua dívida de cartão de crédito em crédito pessoal, deve ponderar se deve ou não avançar para esta solução.

Veja também: Como renegociar dívidas com os bancos em Portugal

Categorias: Crédito Consolidado
Ricardo Rodrigues: CEO e Fundador da RRNValores Unipessoal, Lda, Ricardo Rodrigues gere uma equipa formada por consultores, criadores de conteúdos e programadores que desenvolvem e mantêm uma plataforma gratuita com informação e comparação de produtos bancários. Formado em Engenharia Civil pelo Instituto Superior de Engenharia de Lisboa (ISEL) e apaixonado pela área Financeira, criou o nvalores.pt em Agosto de 2013 com a missão de garantir uma comparação independente de produtos bancários em Portugal. Exerceu funções de consultor financeiro independente na Empresa Maxfinance, nomeadamente assessoria na obtenção de crédito pessoal, crédito consolidado, crédito automóvel, cartões de crédito, crédito hipotecário, leasing, seguros e aplicações financeiras. Email: geral@nvalores.pt